quinta-feira, 24 de setembro de 2015

          Enfim a segunda guerra acabou, e quando pensamos que tudo ia melhorar me deparei com problemas financeiros, pois meu país está passando por uma terrível crise onde todos estão sendo prejudicados, principalmente minha empresa de automóveis que estava totalmente falida.
          Me vi em uma terrível situação, onde pensei até em suicídio pois eu não tinha renda capaz de sustentar nem a minha família. O desespero me corroía, não sabia mais o que fazer.
          Então, um certo dia com a cabeça cheia, fui a um bar próximo a minha casa para tentar fugir  um pouco dos problemas bebendo, bebi muito, bebi demais, não sei ao menos se paguei a conta. Acordei com uma forte ressaca, largado na rua. Estava detonado perdi tudo, minha carteira e principalmente minha dignidade. Chegando em casa ainda transtornado com o efeito da bebida e com raiva de ter chegado a este ponto, descontei todas as minhas frustrações em minha esposa que nao tinha nada a ver como os meus problemas, foram socos, pontapés, tapas e ameaças, e ela me pedindo pelo amor de Deus que parasse.
          Eu não sei oque deu em mim para fazer isto, minha mulher e meu filho é tudo que me resta, nada mais me importa. Oque eu queria era que tudo ficasse bem, mas, infelizmente não tenho escolha, a não ser enfrentar meus problemas de frente.
          Quando a noite chegou fui novamente para o bar, entre um copo e outro, fico surpreso em rever minha ex-namorada Amélia, como estava linda com aquele vestido vermelho decotado, veio andando em minha direção com um sorriso safado no rosto. Sentou-se ao meu lado e começamos a conversar. Ela não parava de me provocar em momento algum, e logo ela me chamou para dançar, não sei direito oque aconteceu, só sei que não resisti a tentação e fomos direto pra o motel Damon's.
          Chegando lá conheci um lado dela que não poderia imaginar, ela era usuária de drogas pesadas e me influenciou a usar. Foi uma noite regada à sexo e drogas. Quando mi dei conta era tarde demais, tinha virado um usuário!!

          Sem trabalho e sem família não tinha mais motivo para ficar ali, pois tinha perdido tudo e resolvi ir atrás de uma nova vida na Índia, onde tinha uma irmã que a muito não via, Vanessa Angel. Ela é uma jornalista muito famosa e pagou minha viagem.
          Chegando la fiquei impressionado com a pobreza e o estado que eles viviam, logo encontrei com minha querida irmã que ficou surpresa em ver meu estado. Fomos para sua casa, contei toda minha história para ela, comovida e na esperança de me ajudar me ofereceu um emprego de fotógrafo, porém na África do Sul, mas antes me fez prometer que ia ao menos tentar sair das drogas
          No dia seguinte embarquei rumo a minha nova profissão. Durante a viagem, no avião, encontrei com pessoas que aparentavam ser os donos do dinheiro. Mas quando pisei na África me deparei com uma realidade totalmente diferente que estava acostumado, uma miséria fora do normal, pessoas magras aparecendo os ossos, elas viviam igual a animais. Vendo toda aquela cena a imagem de minha família veio a mente e não pude conter minhas lágrimas. De repente veio um garotinho que aparentava ter no máximo 7 anos, chamado Habib. Falando de um jeitinho meio embaraçado me perguntou porque estava chorando.
          Fiquei surpreso de ver um menino com tanta dificuldade se preocupar comigo, e respondi:
          - Porque tenho um filho da sua idade, e estou com saudades dele, muita saudades!
          Então aquele pequeno menino tão inocente me abraçou sem ao menos saber de nada de minha vida. Ficamos conversando por um bom tempo e no decorrer da conversa perguntei a ele onde estava sua mãe e ele simplesmente respondeu:
          - Ela morreu de fome!
          - Habib, gostei muito de ter conhecido você, mas agora tenho que ir. Quando já estava partindo, ele me perguntou se não poderia ficar comigo. Não me conti e logo permiti.
          Fomos para o hotel que minha irmã havia reservado para mim. No caminho vi muitas crianças e famílias que precisavam urgentemente de ajuda, queria poder ajuda-los, mas no momento não pude. Prosseguimos então para o hotel, fiquei feliz em saber que iria logo logo iniciar minha nova profissão, estava muito ansioso para mudar, ou pelo menos tentar melhorar minha condição financeira e a da minha família.
          Enfim chegamos, o garoto ficou encantado com o hotel, pois nunca tinha visto uma lugar com tamanha beleza. Ao entrarmos no quarto pedi algo para podermos comer, ele comeu tanto que passou mal. Coloquei-o para dormir para vê se melhorava um pouco, deitei do seu lado para ficar o observando por um tempo e verificar se iria melhorar, mas acabei pegando no sono, e só fui levantar na manhã seguinte.
          Levantei-me com a cabeça em fotografias, e fui logo tomar um café reforçado com a companhia de Habib. Então o perguntei se queria me acompanhar e ele sorriu e abanou a cabeça que sim. Fomos então conhecer a verdadeira África, fotografar sua realidade. Nunca pensei que fosse conhecer um lugar como esse, com tanta desigualdade social, mas mesmo assim não pude deixar de reparar que as crianças daquele lugar ainda achavam motivos para sorrir. Fotografei lugares onde a felicidade passava longe e outros onde a felicidade estava sempre presente.
          Depois de tantas fotografias, fomos para o hotel descansar para que no outro dia nossas energias estejam revigoradas, para conhecer o outro lado da África.
          No amanhecer do dia, Habib e eu fomos conhecer o resto da África. No começo fiquei pensando porque só havia visto negros naquele lugar e comecei a me questionar se não havia brancos. Andamos por  mais um tempo, até que a um certo ponto, do nada barraram Habib, e falaram que por ele ser negro não poderia entrar, pois espionaria o lado rico do País para repassar informação para alguém. Pensei até em voltar com ele, mas teria que antes acabar meu trabalho. Então pedi para que meu pequeno amigo voltasse e me esperasse no hotel.
          A medida que tirava fotos, perguntava para as pessoas o porque daquela divisão e descobri que aquilo era chamado como política de apartheid, onde negros eram proibidos de pisar. 
          Logo a frente havia uma multidão reunida, corri até lá para saber o porque, e foi então que vi aquele pequeno garotinho estirado no chão. Habib tinha entrado escondido para me seguir, e acabara sendo morto por aquelas pessoas. Aquele acontecimento acabou comigo, e dinovo a cena de meu filho veio em minha cabeça e me atordoou. 
          Naquele momento, vi que meu lugar era ao lado de minha família que de um jeito ou de outro precisava de mim.
          
           No amanhecer do dia fui as pressas para o aeroporto, pois não aguentava mais a ansiedade de ver minha família e poder pedi perdão por tudo oque fiz. O voo para Índia foi longo e parecia não ter fim. Na viagem fiquei pensando em Habib que marcou minha vida na África.
          Quando o avião aterrissou na Índia fui as pressas para casa de minha irmã para podermos acertar a conta de meus serviços prestados. Trabalhei por pouco tempo, o dinheiro não seria grandes coisas, mas me ajudaria num momento tão difícil. O avião para Inglaterra partia no dia seguinte, passei então a noite por lá.
          Minha irmã me arrumou um café e depois partimos para o aeroporto, nos despedimos e lá fui eu, viajando por mais um longo tempo até chegar na Inglaterra. Quando novamente vi o avião aterrissando senti um alívio de saber que enfim iria rever minha família. Parte de mim estava com receio, mas outra só queria correr logo para casa  e matar essa saudade!
          Enfim eu estava em casa, quando abri a porta me deparei com meu filho que gritou:
          - MAMÃE, PAPAI VOLTOU PARA CASA!!!
          Aquela cena me comoveu muito, e bateu um grande arrependimento do passado, brigas, traições, bebedeiras...
          Eu sei que nossas condições não era das melhores, mas eu tinha certeza que logo tudo iria novamente se ajeitar.
          

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